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Arte Devocional no século XIX

26 de novembro - 23 de dezembro de 2022

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PINTURA DEVOCIONAL SOBRE METAL NO SÉCULO XIX

Com a conquista do Peru pelos espanhóis em 1532, imediatamente se fez necessária a manufatura de bens religiosos tanto para o culto a que atendiam os europeus quanto para evangelização dos indígenas.

Para tanto, vieram a esta nova terra executores dos mais variados ofícios, com evidente destaque para os pintores, que, na maioria das vezes, eram oriundos de Espanha, Itália, Flandres e outras localidades.

Estes mestres vieram com a incumbência de ilustrar os desígnios evangelizadores da Igreja Católica que, associada aos reis de Espanha, tinham por meta converter o gentio, salvando as almas dos colonizados para benefício da Santa Madre Igreja e dos reis católicos.

A pintura inicia-se no século XVI, mantém-se austera no século XVII e ganha identidade própria no século XVIII, ao receber atributos indígenas mesclados aos padrões europeus.

Tal panorama começa a mudar radicalmente a partir das primeiras décadas do século XIX, em grande medida devido aos ares vindos das revoluções norte-americana e francesa.

As guerras de independência dos países hispano-americanos, aliadas ao aumento populacional daquela região, intensificam ainda mais a busca por bens religiosos.

Surgem assim, já em meados do século XIX, as condições ideais para a produção de uma pintura religiosa centrada em parte do Alto Peru, hoje Bolívia.

Neste momento, não mais evangelizadoras e sim devocionais, essas pinturas, na sua maioria executadas em folha de zinco, são diretas na sua mensagem. São especiais pela maneira tão peculiar de tratar os temas, que em sua maioria eram relativamente simples, como variações das Virgens do Carmo, Rosário, Guadalupe, Patrocínio de Tarata, Socavon e dos santos Santo Antônio, Santa Bárbara, São Francisco, variações de Jesus Cristo e assim por diante.

Marcelo de Medeiros


Obras

Pinturas sobre metal

Imagem à esquerda: Nossa Senhora da Conceição, óleo sobre zinco, 34 cm x 23 cm, Alto Peru (Bolívia) – Século XIX

Imagem à direita: Nossa Senhora de Lourdes, óleo sobre zinco, 25 cm x 17,5 cm, Alto Peru (Bolívia) – Datado 1895

Imagem à esquerda: Santo Isidro Lavrador, óleo sobre zinco, 26 cm x 19 cm, Alto Peru (Bolívia) – Século XIX

Imagem à direita: Nossa Senhora do Patrocínio de Tarata, óleo sobre zinco, 30,5 cm x 22 cm, Alto Peru (Bolívia) -Datado 1864

Imagem à esquerda: Nossa Senhora do Patrocínio de Tarata, óleo sobre zinco, 45 cm x 40,5, Alto Peru (Bolívia) – Datado 1876

Imagem à direita: Nossa Senhora de Guadalupe, óleo sobre zinco, 46 cm x 36 cm, Alto Peru (Bolívia) – Datado 1876

 

São José, óleo sobre zinco, 45 cm x 39,5 cm, Alto Peru (Bolívia) – Século XIX


IMAGEM POPULAR DEVOCIONAL DE BARRO EM SÃO PAULO NO SÉCULO XIX – PAULISTINHAS

O aumento de núcleos populacionais em São Paulo no fim do século XVIII e início do século XIX, devido ao ciclo do café, e o número reduzido de artistas e escultores para atender à grande procura de santos para uso doméstico levaram à fabricação de um tipo peculiar de imagem que atendesse a algumas prioridades básicas: preço e quantidade, implicando, consequentemente, em simplicidade e rapidez para sua confecção.

Surge, assim, uma imagem feita de barro queimado montada sobre uma base característica, oca por dentro, de pequenas dimensões, que perdurou mais de 100 anos, denominada vulgarmente por colecionadores de santos como “Paulistinha”.

Inicialmente, tais imagens eram feitas em moldes e, depois, acabadas individualmente com auxílio de um instrumento cortante por diversos santeiros – daí a semelhança entre elas no aspecto geral e as desigualdades nos pequenos detalhes de acabamento.

Terminada a parte externa, antes de a imagem ser levada ao forno para cozer, era esvaziada internamente com ajuda de uma faca talhando em movimentos circulares, às vezes se aprofundando quase até a cabeça da figura, para evitar que esta fraturasse durante o cozimento.

Após essas operações, a peça era pintada e decorada e estava pronta para exercer suas funções religiosas, decorativas e comerciais.

As imagens mais executadas são as de Nossa Senhora da Conceição, Jesus Cristo, Santo Antônio, São José, São Sebastião, Nossa Senhora das Dores, Sant’Ana, São Pedro, Santa Gertrudes, e assim por diante.

Os principais núcleos onde se encontraram essas imagens foram Santa Isabel, Jacareí, São José dos Campos e Mogi das Cruzes.

Marcelo de Medeiros


Obras

Paulistinhas

Imagem à esquerda: São Roque, Nossa Senhora, Nossa Senhora da Piedade e São Sebastião, barro modelado, escavado, burilado, queimado e pintado, São Paulo – Século XIX

Imagem à direita: São José, São Pedro, Santa Ana, Nossa Senhora das Dores e Santo Antônio, barro modelado, escavado, burilado, queimado e pintado, São Paulo – Século XIX

Santa Luzia, Nossa Senhora da Conceição e São João, barro modelado, escavado, burilado, queimado e pintado, São Paulo – Século XIX


Vistas da Exposição | 26 de novembro a 23 de dezembro de 2022


Fotos: 2022©SuzanaMendes